Caminho de Volta

Caminho de Volta
Lindos Ipês traduzindo luz(foto Lú Gonzatto)

segunda-feira, 25 de abril de 2011

Selvageria: O mundo nos obriga a ser "on line"


Milhões de informações estão fazendo a gente perder a nossa identidade. O que será de nós, pobres humanos?

A gente anda meio assustado com o mundo moderno. É tanta coisa nova aparecendo por aí, que acontece até de perdermos nossa identidade pelo caminho. A cada dia são despejadas sobre nossas mentes inquietas toneladas de informações, vindas de todos os meios de comunicação existentes no planeta. Não conseguimos mais relaxar, porque dá a impressão de que, se pararmos, o bonde nos pega e nos atropela com tudo, não deixando sequer rastros para marcar a nossa já conturbada existência.
                Leio por aí afora que em 2010, de cada dez casais, oito se conheceram através da Internet. Ao todo, somos mais de 6,6 bilhões de seres humanos. Cerca de 20% deste total, estão na China e pelo menos 17%, na Índia. O Orkut tem 50 milhões de usuários.  O mundo globalizado nos globaliza também. E não entre nessa para ver o que te acontece! Leio ainda que a quantidade de informação técnica no mundo todo dobra a cada dois anos. Isso significa que metade do que um estudante aprende no primeiro ano de faculdade, já estará ultrapassado no terceiro ano do mesmo curso. Um abuso, mas é o que rola atualmente. Gente!!!! Temos que encontrar um jeito de ter um super poder. O mundo nos apavora, literalmente!!!!
                É por isso e por tantas outras que a gente corre para a Internet e fica por lá cada vez mais. Afinal, não podemos nos dar ao luxo de relaxar, de sentir-se vivo, de curtir uma flor, de abraçar um amigo. Que nada. Hoje em dia? Abraçar um amigo e conversar com ele por longas horas? Deus me livre! Tenho que correr  para ficar por dentro. Afinal, são 2,7 bilhões de perguntas registradas por mês no Google. São 106 milhões de usuários registrados no MySpace.  Que loucura! E eu te pergunto:  você por acaso sabe para quem nós perguntávamos tudo o que pesquisamos hoje no Google?
                Sei que você poderá achar que eu estou muito retrógrada por achar que as mudanças estão na velocidade da luz, mas entendo que o ser humano, como humano, ainda anda a galope. A gente ainda está muito despreparado,  emocionalmente e espiritualmente. Entre as  doenças que mais matam atualmente estão as chamadas psicossomáticas, ou seja, a depressão, a síndrome do pânico, a ansiedade e por aí afora. Isso não ocorre à toa, porque a gente não é de ferro. Tudo gira a milhão, e nós, com o nosso modinho de compreender, de pensar, de chorar, de sentir, giramos a dez por hora. Tudo isso porque simplesmente temos a mania de dar vazão aos padrões despejados diariamente sobre nós, meros coadjuvantes de um sistema abrupto, corrupto, alucinado. Nos deixamos engolir, a cada passo,  pela frieza de um complexo e enganoso esquema comercial. Constantemente lemos ou ouvimos: “perca 5 quilos em um mês”, e ao virar a página, fotos de suculentos pratos preparados a base de gordura, massas e açúcares.  E o pior é que a gente cai nesse engodo. O pior é que a gente se deixa enganar. Pior ainda, sabemos que estamos sendo enganados, mas já não conseguimos mais controlar a nossa ansiedade. E então começamos a tomar medicamentos para parar de comer, e logo depois, tomamos mais medicamentos para parar de ficar ansiosos pela falta de comida, e depois, para controlar a hipertensão,  e por aí afora.
                Acoooorrrrda! Ser forte, a meu ver, não é ser famoso e querer se mostrar, não é ter um caminhão de coisas e estar mergulhado de cabeça na Internet para não deixar passar nada sem o seu conhecimento. Ser forte é ter bom senso. Ser forte é saber o que presta e o que não presta, é poder decidir se isto ou aquilo serve ou não para você e para sua família. Ser forte é sentir o amor incondicional, é deixar-se esvaziar por dentro,  quando o seu tanque está lotado de desavenças, de desamores, de inveja, traição e desgostos. Ser forte é poder ser feliz de vez em quando. É saber aceitar que está errado. É sentir-se livre.  Afinal, a vida que vale a pena ser vivida é aquela em que a gente deixa acontecer sem pressa, sem pressão. Respeite a sua, caia na real, antes que o monstro te engula!
                Maria Lúcia Gonzatto
                Janeiro de 2011
               
               

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