Estamos passando para os novos tudo que não devemos passar, e nem estamos nos dando conta do ridículo!
“Não sei se o ser humano tem solução. O ser humano é muito imperfeito e agora mesmo parece que estamos desenvolvendo a pior parte de nós mesmos”. Com essas frases, citadas durante uma reportagem, o cineasta espanhol, Pedro Almodóvar, resumiu o que pensa atualmente sobre a humanidade. Ele diz ainda que: “vivemos em uma espécie de Apocalipse”. São frases fortes, que batem na nossa consciência. De início, achamos que essas considerações são pessimistas demais, mas depois, se formos analisar os fatos, as atitudes, as decisões e maldades que rolam por esse mundo afora, concordaremos plenamente com o Almodóvar. Nós estamos retrocedendo, esquecendo os bons modos, a compreensão, a compaixão. Simplesmente não sabemos mais nos comportar perante a vida, perante o dia a dia, as situações da vida. Em conseqüência disso, não sabemos mais como educar.
E por que tudo isso? Porque estamos muito ocupados fazendo dinheiro, adquirindo matéria, podando sentimentos. Nossa percepção está abafada, nossa sensibilidade, também. Milhares de eletrônicos, parafernálias de terceira, quarta, quinta dimensão, e nós, ali, escondidinhos, minúsculos, atrás das inúmeras telas de LCD, high-definition, tablets, iPad,... Ali, assim, sozinhos, sem interagir com outras pessoas, sem observar os olhares, as sensações dos movimentos, das caretas e sorrisos humanos. E, ainda, se achando o rei da cocada. Que gafe!
Mas, como sair dessa? Como fazer para modificar a pior parte de nós mesmos e transformá-la em a melhor parte de nós mesmos? Dias atrás, assisti a uma reportagem sobre como as criancinhas de um a três anos de idade já sabem manusear perfeitamente um computador. Até filmaram uma criança querendo folhear a revista arrastando o dedinho sobre o papel. Nossa! Que horror isso! Estamos passando para os novos tudo que não devemos passar, e nem estamos nos dando conta do ridículo! Eu fico estarrecida vendo uma reportagem dessas. E você? Ou será que eu sou tão antiga assim, mas eu acabo de entrar na faixa dos 50 anos? Mas, voltando à matéria da TV, a mãe, de uma das crianças de colo que estava manuseando o computador, disse que ela tenta impor limites à criança. Nossa! Acho que quem merece limites e ela mesma, com essa barbaridade de dar um computador ao filho tão pequeno.
A realidade é que o mundo está online e eu creio que as pessoas estão perdidas mesmo, porque desacostumaram a trocar um olhar, a dar um sorriso, a prestar atenção nas formas e nos gestos. Será que futuramente a gente vai conseguir transar online? Não quero aqui condenar enfaticamente o avanço tecnológico, mesmo porque não tem como retroceder às facilidades que essa aparelhagem toda nos proporciona. Mas, limites são limites e devem ser respeitados. O problema mora aí mesmo, a gente não sabe mais onde encontrar esse limite. Geração que já nasceu nessa era computadorizada nem percebe o que está errado. Mas, graças a Deus, existe o bom e velho bom-senso(sempre apelo para ele e, felizmente, isso funciona). Com esse velho amigo, as coisas podem começar a se encaixar novamente. Apele você, também, para ele. Com certeza, você dará a seu filho de um ano e meio peças de encaixe, bolas, joguinhos educativos e tantos outros brinquedos que fazem a gente sentir na pele a euforia, a alegria, o crescimento sadio, o desenvolvimento dos valores humanos, a coordenação motora. O Pedro Almodóvar está correto em estar preocupado com os destinos da humanidade. Porém, vamos acreditar, ainda, que o ser humano tem potencial para muito mais do que viver apocalipticamente!
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